domingo, 6 de dezembro de 2009

Vindo de Alenquer

Uma Mesa Portuguesa de certeza Homem de uma enorme partilha, difícil era não ser seu amigo
Preso Politíco
Todos aqueles que por compromissos inadiáveis não lhes foi possivel estarem presentes, a nossa Imprensa Regional, respectivamente os Jornais Terras da Feira e Correia da Feira com uma cobertura exemplar, permitiram que tenhamos podido saber que os mais destacados elementos que lutaram para que o 25 de Abril de 74 se tornasse possivel, não foram esquecidos.
Nesse dia num convívio com Amigos do Centro Recreativo e Cultural de Sebolido, oara comemorar esta data da Revolução dos Cravos organizei esta visita destino ao forte de Peniche, onde a Polícia Politíca de Salazar lá encarcerou quatro anos o Cunha.
Agora é Museu, aquilo que o anterior regime utilizou para ali encarcerar aqueles que se opunham ao seu regime opressor e ditatorial.
Durante mais de duas horas foi possivel conhecer as condições desumanas e as atrocidades que ali eram praticadas.
Muitos deles não resistiram á tortura, acabaram por ter fim trágico.
Está ali juntamente com o Tarrafal a história nefasta do Regime Fascista.
Também as marcas de Resistência e ficou provado que quando se luta por justas causas, a nossa força interior torna possivel ultrapassar todos as barreiras.
Convicções inabaláveis
No tempo de visita, foi uma constante recordar parte dos testemunhos que me tinhas feito, da tortura a que esteve sujeito e a desumanidade a que esteviram sujeitos.
Foram Cumpridos quatro anos em condições dramáticas, o único crime de que fos-te acusado, foi que eras comunista.
Sabiam que lhe seria comodo se ao saíres, optasses por deixar de lutar.
Era essa a lavagem que tentava conseguir fazer.
Mas continuas-te, sabias que a todo o momento corrias o risco de voltar novamente a ser preso, e que as condições seriam ainda muito mais desumanas.
Para ti a vida só tinha um sentido, o fim da exploração e opressão humana.
Em Tempo algum exitas-te em continuar a empenhar-te totalmente na luta e dedicares -te ainda mais á causa que cedo decidis-te ser o valor mais importante da tua vida.
Adoravas a tua Terra Natal, mas sabias que a continuar lá nnão estarias muito tempo sem voltar a caír nas garras deles.
Inclusivé a tua nova prisão, poderia custar-te pagar com a própria vida.
Sei que isso não te preocupava, porque a decisão de empenho na luta era irreversível.
Mas aconselhado pela organização do Partido a Migrar e passar á clandestinidade.
Acatas-te, mesmo que isso te tivesse causado uma dor profunda de sentimento, e antes de chegar a S. Paio de Oleiros, talvez por saudades a Alenquer, as curtas passagens, por outras terras, foi de curta duração.
Informado que em S. Paio de Oleiros existiam outros opositores ao Regime, vies-te de imediato para cá.
Inúmeras vezes me confidencias-te que Oleiros foi para ti o grande amor da sua vida,tendo sido, um amor á primeira vista.
Mesmo que tenhas sentido sido várias vezes perseguido,mas os anos do Presidio de Peniche ensinou-te a trabalhar de forma engenhosa. Co mestria conseguis-te iludir essa suspeita vigilância e não voltas-te a ser preso.
Quatro anos preso em Peniche
A tua acção foi preponderante e a tua sensibilidade, respeito e dignidade, com uma conduta irrepreensivel que rumou toda a tua vida, nunca escondendo a tua aderência e militância ao Partido Comunista Português, e mesmo nos tempos mais conturbados de perseguições e invênções caluniosas a quem militava, sem o minímo de respeito pelo seu passado e muitos deles tudo tinham dado sem nada pedir em troca.
Mas António Cunha granjeou o respeito das Gentes Oleirenses e de todos quantos que com ele privaram.
Começou a ser normal, os responsáveis de outras forças politícas, te procurarem em momentos de conflitualidade por saberem que eras homem de consenso,a tua respeitabilidade que todos nutriam por ti, tornava-se fácil o que parecia inultrapassável.
Nunca misturavas a tua filiação partidária, com a dignidade das pessoas, ou mesmo com os reais interesses e progresso da Freguesia.
Foi justa a evocação do teu nome como um baluarte de Resistente Anti-Fascista.
Partis-te fisicamente, mas o teu exemplo seguramente perdurará.
De entre outros, como Ramiro Sá Couto, O Prazeres, homem persistente, sempre leal e com entrega total ás suas convicções Ideológicas, o fim da opressão.
Com militância irrepreensivel, sempre esteve na luta, mesmo quando a sua avançada idade já o limitava.
Um outro exemplo marcante é o Fielzinho, como carinhosamente sempre foi tratado. Sempre disponivel e Solidário, sempre pronto a servir,nunca olhando a que partido pertenciam ou em quem votavam ou militavam, para ele o valor do ser humano estava acima de qualquer partidarite.
O Doutor e Poeta Oleirense teu intimo Amigo.
Ainda em Vida sabendo da Paixão do Fielzinho pela Poesia,um dia disse-lhe que não prometia datas, mas que haveria de tentar publicar os seus poemas.
Num trabalho moroso e notório, publicou-os. Assim prestou um valorioso trabalho, ao imortalizar este Vulto Oleirense.
No Seguimento; outros se recordam, como:- José Travanca, Júlio de Bento e Joaquim Castro.
Memórias vivas
Está de parabéns o Correio da Feira que no seu Número 5618 de 27 de Abril ao públicar uma entrevista de Joaquim Castro. Combatente que esteve preso 42 dias nas Celas da PIDE ( Polícia de Investigação e Defesa do Estado). A mesma que anos antes tinha assassinado em Nogueira da Regedoura o Doutor Antònio Carlos de Carvalho Ferreira Soares (DOUTRO PRATA " O MÉDICO DOS POBRES", com 14 tiros de Rajada de Metralhador).
Sujeito a interrogatórios desumanos.
Libertado e tendo a consciência que podedria de novo voltar a ser preso a todo o momento, não se desviou das suas convicções e a sua luta continuou.
Com o 25 de Abril a sua postura é um exmeplo a seguir. Em Tempo algum se alvorou em defensor absoluto. A sua actuação ponderada mas firme no cérrimo principio de defensor do ser humano, bem merece ser recordado como uma bandeira de homem que dedicou uma vida para que a sociedade seja mais justa, sem discriminação e opressão. Que a dignidade seja uma realidade existente em cada um de nós.
Filhos Limpos
Bendita Terra que tem filhos como estes e digo porquen todos vós a adoptas-te, mas para que não venha de novo a reimplantar-se um novo Regime Ditatorial, é necessário que se saiba que os 48 anos de Ditadura Fascista,foram de injustiças inqualificáveis.
Pelo que perpetuar a memória destes vultos é não só necessário como imprescindível.
Neste ano de 2009 terão lugar Eleições para formação de um novo Executivo.
Espera-se e deseja-se que mentes adormecidas acordem,que dispam as camisolas partidárias e prestem a justa homenagem que servirá como um alerta a estes Ilustres vultos Oleirenses.Que também servirá para dar a perceber à nossa Juventude ao real valor do ser Humano digno.
Que a cegueira não lhes venha a tirar discernimento,que olhem, e porque não seguirem o dignificante exemplo do Executivo de Nogueira, na justa e merecida homenagem e perpeturação de um Vulto que tombou às Balas assassinas disparadas por PIDES/DGS, a ordem emanada de Salazar.
Foi maravilhoso ter de passado mais estas horas a conviver com gente simples mas com um passado irrepreensivel, e que ao relatar o seu passado muito de humano recebemos.
Certo que ontem estive mais de 6 horas a escrever e como de costume ter-te a escassos metros, mas este mesmo artigo, nada tinha escrito. O computador resolveu pregar-me essa rasteira, mas quem porfia sempre alcança, e como tal cá estamos de novo a transmitir o quanto os admiramos e os que já partiram fisícamente, etejam onde estiverem certamente não os surpreenderá, porque sempre souberam que a sua vida e obra serão exemplos a seguir.
A melhor forma de Incentivar não é citando exemplos. Mas sim a única.

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